Simulacro foi apreendido e passará por perícia — Foto: Polícia Civil/Cedida
Segundo a Polícia Civil, policiais militares
foram até a residência da vítima duas vezes. Na primeira, eles foram informados
– por volta das 18h20 – de que um indivíduo estaria “causando desentendimento
com a vizinhança, agindo sob efeito de álcool e droga”.
Ao chegar à casa do rapaz, que morava com o
pai, os PMs foram recebidos pelo suspeito, que, de forma tranquila, entregou
seus documentos e não demonstrou qualquer tipo de alteração.
Mais tarde, por volta das 19h30, os policiais
receberam uma nova chamada para voltar à casa do indivíduo, acompanhados dos
bombeiros. A informação era de que o rapaz estaria agindo de forma agressiva.
Ao desembarcarem, visualizaram o rapaz
vestindo apenas uma bermuda, agachado no portão de entrada do imóvel.
Ao questionarem o motivo de estar agressivo e
se o pai dele estava presente, os policiais notaram que o indivíduo estava com
um sangramento em um dos braços e que havia uma caneca metálica com marcas de
sangue sobre as lajotas que estavam na calçada.
Na ocasião, o rapaz teria dito: “Vocês aqui, de
novo?”, e se levantou em direção ao interior da casa.
'Agressivo e transtornado'
Posteriormente, os
militares viram que ele carregava um objeto nas mãos e decidiram acompanhá-lo
no ingresso à residência, mas, quando acessou a sala de entrada, o rapaz fechou
a porta.
Os policiais optaram por empurrar a porta e
entrar no imóvel e, “para a surpresa” dos PMs, o rapaz “saiu do interior do
quarto empunhando, na visão do policial militar que disparou, uma arma de fogo
apontada”.
Imediatamente, o policial efetuou dois
disparos sequenciais que atingiram o rapaz na região do tórax, o qual caiu ao
solo e permaneceu de decúbito ventral (deitado, de barriga para baixo). No
momento, a arma que ele portava caiu próximo de uma estante da sala.
O rapaz permaneceu com alguns movimentos no
solo e os policiais mantiveram-se com as armas apontadas, “por motivos de
segurança, acreditando que ele tentasse recuperar a arma caída”.
Em seguida, os bombeiros entraram no local e
o socorreram. Neste momento, os militares se aproximaram da arma que estava no
solo e constataram que se tratava de um simulacro de arma de fogo confeccionado
de metal e fita isolante.
A equipe do Corpo de Bombeiros levou o rapaz
até o Hospital Regional de Porto Primavera, mas depois foi informada do óbito.
A Polícia Civil esteve na casa da vítima, que
“encontrava-se com móveis danificados e em total desordem, compatível com os
relatos colhidos de que a vítima estaria agressiva e transtornada”.
O pai do rapaz diz nunca ter visto a falsa
arma na casa.
“Verifica-se, dessa forma, que o policial
militar fez uso moderado dos meios necessários [dois disparos] para repelir a
injusta agressão iminente [arma apontada em direção ao PM], visando preservar
sua própria vida, não sendo razoável exigir-lhe, nessa circunstância, atitude
diversa”, cita o Boletim de Ocorrência.
Diante disso, foi reconhecida a incidência da
legítima defesa.
O PM foi ouvido e liberado, mas sua arma foi
apreendida. O caso segue sendo investigado.
Apuração
A Polícia Civil informou
ao G1 que um inquérito
policial padrão já foi instaurado para apuração e elucidação dos fatos e que
testemunhas deverão ser ouvidas.
Os agentes ainda devem aguardar resultados da
perícia realizada na arma do policial militar e no simulacro, bem como do exame
necroscópico do rapaz, que constatarão as lesões e a coerência do relato dos
fatos.
Diligências também serão realizadas para
confirmar a propriedade do simulacro feito de modo artesanal, já que a família
diz desconhecer a existência do objeto.
Por ora, conforme a Polícia Civil, o ambiente
e os ferimentos (vistos em primeiro momento) eram coesos com o relato dos
policiais sobre a ação. Testemunhas também apontaram que o simulacro já estava
no local quando a PM chegou.
Em nota ao G1, a Polícia
Militar relatou que houve dois acionamentos no serviço de emergência “190” para
o mesmo endereço no distrito de Porto Primavera, no município de Rosana, e que
no primeiro chamado, por volta das 18h30, a denúncia apontava que “havia um
rapaz sob efeito de entorpecente e álcool causando desentendimento com a
vizinhança”.
No local, encontraram o rapaz em fronte ao
imóvel, "aparentemente tranquilo, e como não constataram nenhum
desentendimento, os policiais encerraram o atendimento".
“Cerca de uma hora após, houve novo
acionamento, desta vez juntamente com o bombeiro local, sendo que o rapaz
estava agitado e sujo de sangue, entrando imediatamente no imóvel, sendo
seguido pelos policiais. Momento em que o rapaz se voltou contra os policiais
empunhando uma arma de fogo (vindo a ser constatado posteriormente que se
tratava de um simulacro), motivo pelo qual um dos policiais efetuou dois
disparos que atingiu o rapaz”, esclareceu a PM.
O rapaz foi socorrido imediatamente pelos
bombeiros que ali estavam, mas não resistiu e morreu.
Ainda conforme a corporação, “foi instaurado
inquérito policial pela Polícia Civil, que também aprendeu a arma usada pelo
PM, e inquérito policial militar pela Polícia Militar para cabal apuração dos
fatos”.
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