sexta-feira, 8 de março de 2019

Polícia civil resgata mulher que era mantida em cárcere privado

A Polícia Civil prendeu em flagrante, na tarde desta quinta-feira (7), um casal suspeito de manter em cárcere privado uma mulher, de 58 anos, no distrito de Porto Primavera, em Rosana (SP). A vítima é mãe do homem, de 42 anos, e sogra da mulher, de 50 anos, que foram presos.
Mulher de 58 anos era mantida em cárcere privado em Rosana — Foto: Polícia Civil
O delegado responsável pelas prisões, Ramon Euclides Guarnieri Pedrão, explicou ao G1 que ambos foram enquadrados pelos crimes de cárcere privado qualificado – quando o período supera 15 dias e quando a vítima é ascendente do agente – e ainda de maus-tratos.

Os delitos estão tipificados nos artigos 136 e 148 do Código Penal.
Após denúncia apresentada por uma familiar da vítima, o delegado compareceu à residência onde a mulher vivia com o filho e a nora e se deparou com a senhora trancada sozinha no imóvel, na manhã desta quinta-feira (7).

Pedrão contou ao G1 que encontrou no local as condições indicadoras de que a vítima estava sendo submetida a cárcere privado e maus-tratos.

“A mulher estava trancada no imóvel e só tinha acesso à edícula e ao quintal. O filho e a nora, moradores da casa da frente, não estavam no local. A vítima estava magra e aparentava uma saúde frágil. Ela nos pediu socorro e implorou para que fosse retirada do local. Constatamos uma situação muito grave. Tivemos de arrombar o portão para entrar no imóvel e resgatar a vítima”, detalhou Pedrão ao G1.
Segundo o delegado, embora houvesse água para a vítima em torneiras no tanque de lavar roupas e no banheiro, só foi encontrado um pacote de bolachas no local disponível para a sua alimentação.

Após resgatar a vítima do cárcere privado em que era mantida, a Polícia Civil a encaminhou para atendimento no serviço de assistência social do município, através do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

Posteriormente, segundo Pedrão pontuou ao G1, ficou decidido que a mulher vai ficar com outros familiares na cidade de Três Lagoas (MS).

Depois que a Polícia Civil resgatou a mulher durante a manhã, foram iniciadas diligências para a localização do casal e que resultaram nas prisões no período da tarde, quando o marido e a esposa foram encontrados na cidade.

A suspeita do delegado é de que a vítima estivesse sendo mantida em cárcere privado havia quatro anos.

Os dois presos em flagrante vão passar por audiência de custódia na Justiça, nesta sexta-feira (8), no Fórum da Comarca de Rosana.
Cachorro ‘muito bem tratado’
A denúncia recebida pela Polícia Civil dava conta de que uma senhora era mantida por sua nora e seu filho trancada dentro de casa, sem ter acesso a cuidados mínimos, bem como de que parentes da suposta vítima teriam sido impedidas de visitarem-na.

Vizinhos da residência relataram à Polícia Civil que a vítima era mantida trancafiada no terreno e que seu filho e sua nora passavam o dia todo fora. Alguns relataram ainda que a vítima chegava a pedir comida e dar sinais de que estava com fome.

Apenas foi possível o contato dos policiais com a mulher através das frestas do portão frontal da casa e também sobre o muro e ela disse que estava trancada e que gostaria de sair de sua residência, pedindo socorro, pois era maltratada. Em uma demonstração de medo, a vítima ainda alertou o delegado de que nada poderia relatar à sua nora.
O filho e a nora da vítima não foram localizados, durante a manhã, e nenhum vizinho soube indicar onde ambos trabalhavam. Após pesquisas e diligências, foi constatado que o casal estava na cidade de Presidente Prudente (SP).
Diante disso, considerando a situação flagrancial verificada, o delegado arrombou o portão da residência e retirou a senhora do local, acionando a assistência social para dar início ao acolhimento da vítima em evidente situação de vulnerabilidade.

Após isso, em vistoria ao local, a Polícia Civil verificou que a mulher era mantida na edícula construída nos fundos do terreno, onde estava privada de água potável, podendo recorrer somente às torneiras do tanque e do banheiro. Tinha a seu dispor somente um pacote de bolachas e apenas o banheiro contava com iluminação artificial. As demais lâmpadas, segundo a moradora, haviam sido retiradas por sua nora.

Na edícula, de útil, havia apenas uma cama, onde as roupas daquela senhora eram também mantidas.

Sobre o tanque, foram encontrados dois pratos sujos que, segundo a moradora, haviam sido por ela utilizados em dias anteriores, sendo que ali mesmo era onde ela tomava as suas refeições.

A casa principal onde o casal reside estava trancada e a vítima não tinha acesso àquela residência.

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