O líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outras 21 pessoas acusadas de terem ligação com a facção estão sendo transferidos hoje para presídios federais. A informação foi confirmada, em primeira mão, por dois promotores de Justiça. No fim da manhã, MP (Ministério Público) de São Paulo e Ministério da Justiça confirmaram a informação. Preso desde julho de 1999 e apontado como líder do PCC desde 2001, esta é a primeira vez que Marcola ficará em um presídio federal. Não há confirmação sobre o destino exato dos 22 detentos, que devem ficar em unidades diferentes.
No final do ano passado, uma investigação apontou que havia um plano para tentar resgatar Marcola da prisão. Essa ação resultou no pedido do MP para que ocorresse a transferência. Em nota, a defesa reclamou não haver sido informada (ver abaixo). Dos 22 transferidos, 15 são considerados da alta cúpula da facção e estavam no presídio de Presidente Venceslau (SP), incluindo Marcola. Outros sete, que tinham determinação da Justiça para serem transferidos desde novembro do ano passado, estavam no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), em Presidente Prudente (SP). Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que "o isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas"
PARA ONDE MARCOLA SERÁ LEVADO?
Segundo um promotor, por volta das 11h, os presos estavam no aeroporto de Presidente Prudente para serem transferidos. A previsão é de que sejam levados para Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília, com o argumento de que a distância pode prejudicar a comunicação entre eles. Decreto publicado pelo presidente Jair Bolsonaro no Diário Oficial da União de hoje autoriza o emprego das Forças Armadas para GLO (Garantia da Lei e da Ordem), no Rio Grande do Norte e em Rondônia, "para a proteção do perímetro de segurança das penitenciárias federais em Mossoró e em Porto Velho, em um raio de dez quilômetros, considerado a partir do muro externo da unidade prisional". A permissão vale até o dia 27 de fevereiro. O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informou que não pode citar, de forma oficial, o destino deles sob argumento de que seria uma informação perigosa, caso torne-se pública. O Brasil tem cinco presídios federais, administrados pelo Depen: Caranduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). No último, inaugurado em 2018, houve um estudo de viabilidade, do ano passado, que analisou se era possível colocar todos os membros do PCC ali. Procurado, o governo do estado de São Paulo divulgou que a transferência atendeu decisão da Justiça estadual....
POLÍCIA EM ALERTA POR RETALIAÇÃO
A transferência do líder do PCC e a realização de outras operações deixaram a polícia paulista em estado de alerta. Informações de que há policiais civis e militares aquartelados e de sobreaviso para participar da operação. "Considerando sua periculosidade e a possibilidade de ações em retaliação, solicito aos senhores que repassem às suas unidades operacionais e de inteligência que nos passem de imediato qualquer informação relevante que possa surgir a respeito de movimentação em presídios, ações criminosas coordenadas ou qualquer tipo de ação de retaliação", escreveu ao UOL um dos comandantes da PM na manhã de hoje. Um policial federal relatou à reportagem que existe a preocupação de que haja novos ataques violentos no estado, nos moldes de maio de 2006, quando mais de 500 pessoas foram assassinadas. "Vamos redobrar os cuidados. A última vez que mexeram com o Marcola, em 2006, houve uma série de ataques nas ruas", disse. A DEFESA DE MARCOLA Em nota, a defesa de Marcola reclamou de não ter sido informada sobre a transferência. "Questão de segurança do Estado. Nós advogados somos os primeiros suspeitos e os últimos a saber", diz o texto.
Condenado a 232 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcola estava preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau/SP a 600 quilômetros da capital paulista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário