Um incêndio deixou
dez mortos e três pessoas feridas, uma delas em estado grave, no
Centro de Treinamento do Flamengo,
em Vargem Grande, zona oeste do Rio, na madrugada desta sexta-feira. As
vítimas, segundo os Bombeiros, são atletas das categorias de base do clube, que
dormiam no local, e funcionários do clube, conforme informou o vice-governador
do Rio, Cláudio Castro. Os feridos foram levados para o Hospital
Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. São três, de acordo com
informações do Corpo de Bombeiro, um deles, em estado mais delicado, passou por
cirurgia e teve de 30% a 35% do corpo queimado. O goleiro Christian é a primeira vítima fatal identificada, de
15 anos. A segunda vítima é Arthur Vinícius, zagueiro de 14 anos. O
terceiro corpo identificado é do garoto Vitor Isaías, de 15 anos. O quarto
menino identificado é Áthila Paixão, de 14 anos.
O CT
do Flamengo não estava com a documentação regularizada junto ao Corpo
de Bombeiros. Segundo a corporação, o local não possuía o
Certificado de Aprovação (CA), documento que atesta que a instalação está de
acordo com a legislação vigente no que diz respeito a dispositivos contra
incêndio. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militares do Rio
de Janeiro (CBMERJ), que ressaltou, contudo, que isso não significa que o CT
não fosse seguro. "Importante esclarecer que a não existência do CA não
significa, por si só, que o local não possuía os dispositivos, e sim que não
era aprovado pelo CBMERJ", ressaltou a corporação.
O secretário de Defesa Civil do Rio de Janeiro e comandante-geral
do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, disse na manhã desta sexta-feira,
8, que o local não tinha certificado de segurança. Robadey chamou o local
de “puxadinho”: “Não é exclusividade desse local. Mas as pessoas às vezes
aprovam uma planta, aí quando vai ver resolve fazer puxadinho. Aumentar. A
gente lamenta que as pessoas não possam fazer um planejamento adequado. É um
ato final. Existe todo um procedimento”, afirmou, em entrevista à rádio BandNews.
Os
bombeiros informaram ainda que o CA "não se trata de alvará de
funcionamento (documento exigido para estabelecimentos comerciais) ou habite-se
(para imóveis residenciais). Esses documentos são emitidos pela Prefeitura (do
Rio)", mas que o documento faz parte de um processo de legalização de
edificações que envolve outros órgãos. A prefeitura do Rio teria informado que
a área onde é o alojamento da base está descrita como estacionamento no
último projeto de licenciamento aprovado pela Prefeitura do Rio, em 5 de abril
do ano passado. No arquivo da prefeitura não havia, portanto, a informação de
qualquer alojamento no local.
A Rádio Eldorado fez uma entrevista com
o comandante do Grupamento de Busca e Salvamento, Douglas Henaut, e ele
explicou o que aconteceu. Ouça aqui. Os
bombeiros foram acionados às 5h17 da manhã. Por volta das 6h20, as chamas
foram controladas, mas ainda não havia informações sobre quem
seriam os mortos e sobre a situação dos feridos. Imagens aéreas
feitas pelo Estado mostraram
uma parte da área do CT completamente destruída pelo fogo.
Diversos
clubes brasileiros já se manifestaram sobre o ocorrido, prestando solidariedade aos atletas e seus
familiares. Eram garotos de 14 a 17 anos.
Jogadores como Vinicius Juniors e Lucas Paquetá, ambos ex-Flamengo,
também demonstraram preocupação com o fato. A imprensa
internacional também repercutiu a tragédia no Rio.
Nas redes sociais, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também lamentou o acontecimento.
Os
três feridos tiveram seus nomes divulgados. A situação mais grave é
de Jonathan Cruz Ventura, de 15 anos. Ele teve cerca de 30% a 35% do corpo
queimado e foi transferido para o Hospital Pedro 2, especializado em
queimaduras. Os outros dois jovens são Cauã Emanuel Gomes Nunes, de 14
anos, e Francisco Diogo Bento Alves, de 15 anos. A pedido do Flamengo eles
foram transferidos para um hospital melhor nas imediações do Ninho.
Familiares
e amigos de jogadores da base do clube foram para o CT e para o hospital
desesperados, em busca de maiores informações. Alguns deles alegam que não
conseguem contatos com os meninos. Segundo relatos de jogadores de base
que sobreviveram ao incêndio, minutos antes de o fogo começar houve uma
explosão no ar condicionado, uma espécie de curto circuito. Também segundo
esses relatos, o fogo teria se alastrado muito rapidamente. Não está descartada
a possibilidade de o incêndio ter começo no ar-condicionado.
O
time sub-16 do Flamengo chegou a treinar na quinta-feira e os jogadores foram
liberados depois da atividade, de acordo com funcionários do clube. Entretanto,
alguns atletas que não tinham condições de retornar imediatamente para suas
casas, por morar em outros Estados, ficaram no alojamento. O pai do atleta
Samuel Barbosa, que escapou da tragédia, contou que conseguiu falar com o
filho, que chorava muito e estava assustado. O menino disse que acordou
com o barulho do incêndio e conseguiu chamar um companheiro de time de apelido
Bolívia. Ambos escaparam.
O
meia Felipe Cardoso, um dos sobreviventes, lamentou o fato de não ter conseguido salvar todos os seus colegas.
"A
gente tem o local, que é o alojamento, onde os jogadores da base do Flamengo
dormiam. A identificação das vítimas é feita posteriormente pela Polícia
Civil" disse o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Douglas Henaut.
"Pelo horário, todos estavam dormindo e isso pode ter contribuído com a
tragédia. Sabemos que são jovens da base", completou. Há a possibilidade
de alguns funcionários do alojamento também terem morrido no incêndio, mas o
Corpo de Bombeiro não confirmou essa informação. Quem confirmou a notícia foi
o vice-governador do Rio, Cláudio Castro. "Entre as vítimas fatais, há
jogadores e funcionários do Flamengo."



Nenhum comentário:
Postar um comentário